sábado, 8 de maio de 2010

diário o último texto

Olá,
Olá Saramago.
Entras nas minhas ilusões e fantasias pela escrita.
Entrei nas leituras e conheci.
Conheci uma escrita em era eu a descobrir a pontuação e a inflexão a dar ao texto.
Se para muitos era uma aberração, para mim, uma viagem!
Li, li e sonhei sonhos.
É que eu ao ler viajo e fantasio.
Imagino que o "retrato" não será o mesmo do escritor, mas que importa. Sou eu ao ler que abarco o que imagino.





Um dia, um dia em terras de França, numa cidade chamada Paris, a tal conhecida como a "cidade da luz" tive a ocasião de me ir deixando iluminar. O conjunto de chamamentos foi enorme e absorvi para a vida tudo o que pude captar.
No ano de 1988 decorreu um simpósio, se assim se chamou, com diversos escritores portugueses. O evento era "Belles Etrangères".
Imensas, imensas personalidades aí passaram.
Bebi a fonte de muitos.
Congratulei-me desse privilégio.
Conheci então o homem das imensas leituras.
José Saramago era um dos convidados desse evento.
Fermentei uma ideia.
Fervilhou em mim uma coisa, que para uma jovem imberbe, diria mais, pueril, uma vez que não sou homem no sentido do género masculino, e se fosse à livraria onde está Saramago?




Acreditem que o pensei.
Mas ousei.
Tudo aquilo era um fervilhar de ideias, movimentos, conhecimentos, histórias, interesses e outros afins aos quais não estava ligada!
Ousei.
Armei-me de livros.
Armei-me de coragem.
E fui para todas as eventualidades tentar que me autografassem tantos livros.
Eram 5. Num saco íam 5 livros.
Calculei e pensei... com muita gente dependeria... do clima, da situação, sei lá!...
Mas ousei.
Localizei a livraria. Localizei o sítio.
Fui.
Entrei.
Tudo vazio.





Lembro de o ver.
(Pelo menos àquela hora não estava ninguém ou quase ninguém).
Surpresa.
Alegria. Alegria para mim.
Foi fácil, foi fácil ousar falar e pedir um autógrafo.
Qual não é o meu espanto a surpresa dele foi maior que a minha. Ouviu-me. Olhou-me. Olhou os livros. "Tantos".
Virou-se para a parede, que era branca e em monólogo: "Achas que assine, pá?"
Disse outras coisas que não recordo e finalizou:
"Vá lá..."
Perguntou-me como estando eu em Paris tinha tantos livros dele, e disse que aqueles era os que eu tinha ali, em Portugal havia outros, etc.
Três eram meus e dois de... Lino, creio, ou Firmino, ou...
Sei que eram 5 e eu só tenho três assinados.
Foi uma alegria, um momento único.
Decorria o ano de 1988.
Passaram 20 anos!




No ano de 1998, ano do seu Prémio Nobel, que ria um autógrafo e a concorrência, a fila e o protocolo eram tantos que desisti sem me abeirar dele.
Já tive a oportunidade de o ver e encontrar no Museu de Imprensa do Porto. Não tive coragem.
Estava adoentado. Se o visse era para falar com ele. Com ele doente faltou-me coragem.
Longa vida Saramago.

Fão 10-12-2008

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